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ERA VARGAS| (1930 - 1945)

Direito ao voto

O direito ao voto para todas as mulheres só se tornou realidade no Brasil com a promulgação do Código Eleitoral de 1932. Foram estabelecidas normas eleitorais e abolidas as restrições de gênero, estendendo o direito ao voto e a representação política às mulheres. Com isso, o Brasil se tornou o primeiro país na América Latina a conquistar o direito ao voto para as mulheres.

Bertha Lutz em Natal (RN), fazendo campanha pelo voto feminino.

Charge retratando que com o voto feminino os papeis de homens e mulheres seriam invertidos, 1917.

Mulher votando nas eleições presidenciais de 1955 no Rio de Janeiro | Fonte: Agência Senado

As mulheres foram às urnas pela primeira vez em maio de 1933, nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, e no ano seguinte elegeram a primeira deputada federal do Brasil, Carlota Pereira de Queirós.

REPÚBLICA POPULISTA| (1945 - 1964)

Conquistas

Estatuto da Mulher Casada (1962)

o Estatuto da Mulher Casada foi aprovado pelo Congresso em 1962. A mulher casada não é mais representada por seu marido, passa a ter direito à herança e lhe é permitido pedir a guarda dos filhos em casos de separação. Seu consentimento passa a ser mútuo em decisões do casal e não é mais necessária a autorização do marido para trabalhar.

Pílula Anticoncepcional (1962)

Em 1962, a pílula anticoncepcional passou a ser vendida no Brasil, trazendo maior autonomia às mulheres e levantando uma importante discussão sobre os direitos reprodutivos e a liberdade sexual feminina.

Eventos e Organizações

1935

Nasce a União Feminina do Brasil, entidade política criada em defesa dos direitos econômicos, sociais, políticos e civis da mulher. Tornou-se clandestina no mesmo ano e muitas de suas dirigentes foram presas.

UNIÃO FEMININA BRASIL

1949

É criada a Federação das Mulheres do Brasil (FMB), presidida por Alice Tibiriçá. Nesse ano, também passa-se a comemorar o 8 de Março como Dia das Mulheres no Brasil.

FEDERAÇÃO DAS MULHERES BRASIL (FMB)

1952

Realiza-se a primeira Assembleia Nacional de Mulheres, com representantes de 18 estados.

ASSEMBLEIA NACIONAL DAS MULHERES

Mulheres que se destacaram

Benedita da Silva, Deputada Federal pelo Rio de Janeiro

Benedita da Silva

(1942)

Nascida no Rio de Janeiro, Benedita Sousa da Silva Sampaio foi uma das únicas mulheres afro-brasileiras a atingir altos cargos políticos: já foi eleita vereadora (1982), deputada federal (1986), senadora (1994) e vice-governadora do Rio de Janeiro (1998), assumindo o cargo de governadora em 2002. Também foi nomeada ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social em 2003 e secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos em 2007. Forte ativista política, sobretudo nos movimentos negro e feminista, atuou em diversas assembleias e comissões, além de presidir, em 2001, a Conferência Nacional de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas. Desde 2011, atua como deputada federal do Rio de Janeiro.

Carolina Maria de Jesus, oferecendo autógrafos de seu livro "Quarto de Despejo", agosto de 1960.

Carolina Maria de Jesus

(1914-1977)

Nasceu em Minas Gerais, mas passou a maior parte da vida na capital de São Paulo, estabelecendo-se na favela do Canindé. Seu gosto por leitura e escrita a levaram a manter diversos diários e cadernos, nos quais relatava suas vivências sobre a fome, a maternidade e a miséria. Com o auxílio do jornalista Audálio Dantas, conseguiu lançar seu primeiro livro, “Quarto de Despejo”, em 1960, um enorme sucesso que já foi traduzido para 16 idiomas.

Clarice Lispector por Maureen Bisilliat em agosto de 1969. Acervo IMS.

Clarice Lispector

(1925-1977)

Nascida na Ucrânia, veio ainda pequena para o Brasil, onde escreveu diversos romances, contos e crônicas, tornando-se um dos maiores nomes da literatura brasileira. Formada em Direito pela UFRJ, também traduziu 35 livros de diversos gêneros e autores. Recebeu muitos prêmios, incluindo o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal e o Prêmio Graça Aranha.

Dorina Nowill sempre lutou pela inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão.

Dorina Nowill

(1919-2010)

Lutou para que pessoas com deficiência visual tivessem autonomia para estudar e trabalhar. Criou a Fundação para o Livro do Cego em 1946, instituição responsável pelo lançamento da Campanha de Prevenção à Cegueira. Foi convidada para presidir o Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos em 1979 e discursou a convite das Nações Unidas em 1981. Em 1991, a fundação passou a se chamar Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Elis em meados da década de 1970.

Elis Regina

(1945-1982)

Uma das cantoras mais conhecidas do país, nascida no Rio Grande do Sul, começou a cantar com apenas onze anos. Aos 15 foi contratada pela rádio Gaúcha e lançou seu primeiro disco no ano seguinte. Recebeu uma série de prêmios e participou de diversos programas de televisão. Foi sucesso de vendas e passou por diversos gêneros: bossa nova, jazz, MPB, rock e samba.

Jovem Enedina Alves Marques.

Enedina Alves Marques

(1913-1981)

Paranaense, foi a primeira negra do país a se formar como engenheira e a primeira a concluir o curso na Universidade Federal do Paraná, onde ingressou em 1940. Trabalhou no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná e integrou a equipe que atuou na construção da usina hidrelétrica Capivari-Cachoeira (PR). Atualmente, dá nome ao Instituto de Mulheres Negras de Maringá.

Fernanda na nova série documental do Viva, As Vilãs Que Amamos.

Fernanda Montenegro

(1929)

Conhecida como a "grande dama” da dramaturgia brasileira, teve trabalhos reconhecidos internacionalmente desde o início de sua carreira. Em 1999, foi a primeira mulher latino-americana a receber uma indicação ao Oscar. Em 2013, ganhou o Emmy Internacional de melhor atriz.

Heleieth Iara Bongiovani Saffioti, socióloga.

Heleieth Safiotti

(1934-2010)

paulista, formou-se em Ciências Sociais na USP em 1960, quando iniciou suas pesquisas sobre a posição das mulheres na sociedade. Publicou diversas obras sobre este tema, incluindo “A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade” em 1976, que tornou-se um best-seller na época, foi traduzido para o inglês e até hoje é referência em estudos de gênero.

Helena Kolody - foto: Cesar Brustolin/SMCS

Helena Kolody

(1912-2004)

Poetisa considerada uma das maiores representantes literárias do Paraná, escreveu seus primeiros versos aos 12 anos e possui mais de 20 obras publicadas. Recebeu prêmios como o Diploma de Mérito Literário da Prefeitura de Curitiba, em 1985, e o título de Doutora Honoris Causa pela UFPR em 2003. Desde 1988, o Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody é realizado anualmente em sua homenagem pela Secretaria da Cultura do Estado do Paraná.

Dona Ivone se apresenta em São Paulo, 2008, na Virada Cultural

Ivone Lara

(1922-2018)

Yvonne Lara da Costa, também conhecida como Dona Ivone Lara ou A Rainha do Samba, foi uma cantora e compositora brasileira de sucesso, também desempenhando um importante papel em sua formação em Enfermagem, sobretudo durante a reforma psiquiátrica no Brasil. Nascida no Rio de Janeiro, foi a primeira mulher a participar como compositora de uma escola de samba, a Império Serrano, em 1965.

Leila Diniz em 1971

Leila Diniz

(1945-1972)

Nascida no Rio de Janeiro, Leila Roque Diniz foi protagonista da primeira novela produzida pela Globo e atuou em catorze filmes, doze telenovelas e muitas outras peças teatrais. Contudo, tornou-se lembrada por seu comportamento ousado e fora dos padrões, considerado “escandaloso”. Foi extremamente criticada pela sociedade da época, principalmente pelas diversas entrevistas nas quais falava abertamente e sem pudor sobre sua vida pessoal e pelas polêmicas fotos de biquíni na praia durante a gravidez. Morreu jovem, aos apenas 27 anos, em um acidente de avião.

A escritora Lygia Fagundes Telles na reunião extraordinária do Conselho da Cinemateca Brasileira, em 2011.

Lygia Fagundes Telles

(1923)

Paulista, publicou o seu primeiro livro de contos quando tinha apenas 15 anos. Formada em Direito, recebeu diversos prêmios literários nacionais e internacionais, incluindo o Prêmio Jabuti e o Prêmio Camões. Foi a primeira mulher brasileira indicada para o Nobel de Literatura.

Maria da Penha em novembro de 2018.

Maria da Penha

(1945)

Farmacêutica bioquímica cearense, dá nome a Lei brasileira n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006, de proteção da mulher contra a violência doméstica e familiar. Em 1983, foi vítima de tentativa de feminicídio: levou dois tiros nas costas enquanto dormia, o que a deixou paraplégica. Fundou o Instituto Maria da Penha, que visa contribuir para a monitorização do cumprimento da Lei.

Marilena Chaui em 2010

Marilena Chaui

(1941)

Nascida em São Paulo, é considerada uma das filósofas mais importantes do país, além de conhecida por sua atuação política. Atualmente é professora titular da Universidade de São Paulo, onde se formou especialista em história da filosofia moderna e filosofia política. Doutora honoris causa pela Universidade de Paris e pela Universidade de Córdoba, recebeu diversos prêmios por suas obras.

Niède Guidon, arqueóloga franco-brasileira.

Niède Guidon

(1933)

Nascida no interior de São Paulo, filha de pai francês e mãe brasileira, Niède Guidon tornou-se mundialmente conhecida por sua atuação em Arqueologia Pré-Histórica, sobretudo sua teoria sobre o processo de povoamento das Américas. Graduada em História pela Universidade de São Paulo, especializou-se e obteve seu doutorado na Universidade de Paris Panthéon-Sorbonne. Foi responsável pela preservação, desenvolvimento e gerenciamento dos projetos arqueológicos do Parque Nacional da Serra da Capivara, protagonizando as pesquisas e a luta pela conservação do local.

Ruth de Souza em 1968

Ruth de Souza

(1921-2019)

Nascida no Rio de Janeiro, Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a atuar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a peça Imperador, em 1945; e a primeira a protagonizar uma novela, A Cabana do Pai Tomás, em 1969. Grande referência no âmbito, destacou-se no teatro, no cinema e na televisão, sendo a primeira artista brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema: o Festival de Veneza, por seu trabalho em Sinhá Moça em 1954.

Ruth, 2022 - Foto: Nagila Rodrigues.

Ruth Rocha

(1931)

Autora de alguns dos maiores clássicos da literatura infantil, a paulista conta com mais de duzentos títulos publicados e a sua produção já foi traduzida para vinte e cinco idiomas. Formada em Ciências Políticas e Sociais, começou a carreira trabalhando em uma biblioteca.

Zilda Arns, a coordenadora da Pastoral da Criança, falando na Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados. (foto:Wilson Dias)

Zilda Arns

(1934-2010)

Catarinense, formou-se em Medicina e especializou-se em pediatria. Fundou a Pastoral da Criança, instituição ligada à Igreja Católica que tem como objetivo combater a desnutrição infantil, a desigualdade social e a violência. A Pastoral atualmente atua em 20 países e estima-se que mais de 2 milhões de crianças tenham sido beneficiadas.

Zuzu Angel, estilista brasileira.

Zuzu Angel

(1921-1976)

Estilista mineira, foi um dos grandes nomes da moda brasileira. Tornou-se conhecida por lutar ativamente contra a ditadura militar, sobretudo após a morte sob tortura de seu filho pelos militares. Levou o protesto às passarelas, chamando a atenção da imprensa internacional.