Educação
Foi apenas em meados do século XVIII que as meninas passaram a frequentar a escola, ainda com muitas restrições. Com a Lei Geral de 1827, foi autorizada a abertura de escolas públicas femininas, que garantiu apenas os estudos primários: português e contas básicas.
Em algumas cidades do país, foram criadas as primeiras escolas para a formação de docentes de ambos os gêneros. Rapidamente, as escolas formaram mais professoras do que professores - contudo, durante muito tempo, somente os homens ocuparam cargos de liderança como inspetores e diretores, deixando para as mulheres apenas as funções de ensino em sala de aula. As professoras ganhavam sempre menos e se fugissem do esquema educacional, eram duramente criticadas.
Em 1879, as portas das universidades foram finalmente abertas às mulheres, porém a matrícula deveria ser feita por seus pais ou maridos. O machismo e o preconceito continuaram muito presentes na vida das jovens estudantes daquela época. Em 1887, Rita Lobato Velho Lopes foi a primeira brasileira a se formar em Medicina.
Política
A participação feminina no processo de Independência se deu por meio de cartas e manifestos políticos, escritos e assinados por mulheres. Em 1822, um grupo de quase 200 mulheres da Bahia elaborou o documento intitulado “Carta das senhoras baianas a Sua Alteza Real Dona Leopoldina”, no qual congratularam a imperatriz pela “parte por ela tomada nas patrióticas resoluções de seu esposo, o príncipe regente Dom Pedro”. No mesmo ano, cerca de 50 paulistas também homenagearam-na por meio da “Deputação das senhoras paulistas à Sua Majestade a imperatriz pela gloriosa aclamação”.
Os ideais abolicionistas estavam em alta durante a década de 1860. Muitas mulheres contribuíram para o movimento por meio da colaboração em atividades beneficentes e a participação em associações e sociedades, uma vez que a atuação política efetiva na época era limitada apenas aos homens.
Imprensa
Neste período, surgem no Brasil os primeiros jornais editados por mulheres, que tiveram grande papel em estimular e disseminar novas ideias a respeito do papel das mulheres na sociedade.
Contudo, a partir da década de 1880, muitos jornais populares passaram a divulgar notas sobre as “verdadeiras funções” das mulheres como forma de combater estes novos jornais femininos. Isso evidencia que, por mais que algumas mulheres começassem a se questionar sobre seus direitos, a sociedade ainda acreditava que eram inferiores e incapazes, impondo-lhes o papel da submissão.
Mulheres que se destacaram
Ana Néri
(1814-1880)
Baiana, foi a primeira enfermeira de guerra do Brasil. Voluntariou-se para atuar como enfermeira durante a Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, após a convocação de seus filhos. Segundo relatos, atendia até mesmo soldados inimigos. Primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, foi condecorada e recebeu homenagens do imperador D.Pedro II.
Anita Garibaldi
(1821-1849)
Catarinense que participou ativamente de batalhas e conflitos, tanto no Brasil quanto na Itália - para onde partiu com Giuseppe Garibaldi, por quem se apaixonou durante a Farroupilha. Por sua participação em guerras tanto na América quanto na Europa, é chamada de “Heroína dos dois Mundos”
Chiquinha Gonzaga
(1847-1935)
Compositora, pianista e maestrina, é a autora da famosa marcha de carnaval "Ô Abre Alas". Seu primeiro casamento foi com um homem oito anos mais velho que não apoiava a sua vocação musical, então, após alguns anos, ela pediu o divórcio, um escândalo para a sociedade da época. Neta de escravizados, se engajou na luta contra a escravidão e pelos direitos femininos, recusando-se a publicar suas partituras sob pseudônimo masculino.
Maria Firmina dos Reis
(1822-1917)
escritora maranhense, é autora do considerado primeiro romance da literatura afro-brasileira, “Úrsula”, no qual apresentava personagens escravizados sem cair nos estereótipos da época. Fundou a primeira escola mista do Maranhão em 1880 e fez inúmeras contribuições à literatura brasileira.
Nísia Floresta
(1810-1885)
Nísia Floresta Brasileira Augusta, nascida no Rio Grande do Norte, foi professora e escritora, lutando pela abolição da escravatura e pelos direitos das mulheres. Publicou o considerado primeiro livro feminista do Brasil, “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, em 1832, e fundou uma instituição de ensino para meninas revolucionária para os padrões da época: o Colégio Augusto contava com uma grande variedade de disciplinas, não se limitando ao ensino de costura e trabalhos domésticos.