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BRASIL IMPÉRIO| (1822 - 1889)

Educação

Foi apenas em meados do século XVIII que as meninas passaram a frequentar a escola, ainda com muitas restrições. Com a Lei Geral de 1827, foi autorizada a abertura de escolas públicas femininas, que garantiu apenas os estudos primários: português e contas básicas.

Em algumas cidades do país, foram criadas as primeiras escolas para a formação de docentes de ambos os gêneros. Rapidamente, as escolas formaram mais professoras do que professores - contudo, durante muito tempo, somente os homens ocuparam cargos de liderança como inspetores e diretores, deixando para as mulheres apenas as funções de ensino em sala de aula. As professoras ganhavam sempre menos e se fugissem do esquema educacional, eram duramente criticadas.


Brasileiros do século XIX.

Colégio Pedro II, 1861. MG, Museu Mariano Procópio.

Academia Brasileira: O Imperador dom Pedro I compondo o Hino da Independência em 1822. Obra de Augusto Bracet.

Em 1879, as portas das universidades foram finalmente abertas às mulheres, porém a matrícula deveria ser feita por seus pais ou maridos. O machismo e o preconceito continuaram muito presentes na vida das jovens estudantes daquela época. Em 1887, Rita Lobato Velho Lopes foi a primeira brasileira a se formar em Medicina.

Política

A participação feminina no processo de Independência se deu por meio de cartas e manifestos políticos, escritos e assinados por mulheres. Em 1822, um grupo de quase 200 mulheres da Bahia elaborou o documento intitulado “Carta das senhoras baianas a Sua Alteza Real Dona Leopoldina”, no qual congratularam a imperatriz pela “parte por ela tomada nas patrióticas resoluções de seu esposo, o príncipe regente Dom Pedro”. No mesmo ano, cerca de 50 paulistas também homenagearam-na por meio da “Deputação das senhoras paulistas à Sua Majestade a imperatriz pela gloriosa aclamação”.

Uma família brasileira e suas escravas domésticas, 1860. Obra de Revert Henry Klumb.

Aclamação da princesa Isabel, em 1887.

Senhora sendo carregada por seus escravos, São Paulo, 1860.

Os ideais abolicionistas estavam em alta durante a década de 1860. Muitas mulheres contribuíram para o movimento por meio da colaboração em atividades beneficentes e a participação em associações e sociedades, uma vez que a atuação política efetiva na época era limitada apenas aos homens.

Princesa Imperial ao lado de oficiais em visita a usina dedicada a fabricação de armamentos militares.

Oficial da corte, 1822. Obra de Jean Baptiste Debret.

Escrava castigada, 1839. Aquarela de Jacques Etienne Arago.

Imprensa

Neste período, surgem no Brasil os primeiros jornais editados por mulheres, que tiveram grande papel em estimular e disseminar novas ideias a respeito do papel das mulheres na sociedade.

Contudo, a partir da década de 1880, muitos jornais populares passaram a divulgar notas sobre as “verdadeiras funções” das mulheres como forma de combater estes novos jornais femininos. Isso evidencia que, por mais que algumas mulheres começassem a se questionar sobre seus direitos, a sociedade ainda acreditava que eram inferiores e incapazes, impondo-lhes o papel da submissão.


Mulheres que se destacaram

Enfermeira Anna Nery, c.1903.

Ana Néri

(1814-1880)

Baiana, foi a primeira enfermeira de guerra do Brasil. Voluntariou-se para atuar como enfermeira durante a Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, após a convocação de seus filhos. Segundo relatos, atendia até mesmo soldados inimigos. Primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, foi condecorada e recebeu homenagens do imperador D.Pedro II.

Retrato de Anita realizado em 1849, em Roma, pelo pintor e soldado italiano Gerolamo Induno.

Anita Garibaldi

(1821-1849)

Catarinense que participou ativamente de batalhas e conflitos, tanto no Brasil quanto na Itália - para onde partiu com Giuseppe Garibaldi, por quem se apaixonou durante a Farroupilha. Por sua participação em guerras tanto na América quanto na Europa, é chamada de “Heroína dos dois Mundos”

Chiquinha aos 18 anos, em 1865.

Chiquinha Gonzaga

(1847-1935)

Compositora, pianista e maestrina, é a autora da famosa marcha de carnaval "Ô Abre Alas". Seu primeiro casamento foi com um homem oito anos mais velho que não apoiava a sua vocação musical, então, após alguns anos, ela pediu o divórcio, um escândalo para a sociedade da época. Neta de escravizados, se engajou na luta contra a escravidão e pelos direitos femininos, recusando-se a publicar suas partituras sob pseudônimo masculino.

Busto de Maria Firmina dos Reis, localizado na Praça do Pantheon, em São Luís (MA).

Maria Firmina dos Reis

(1822-1917)

escritora maranhense, é autora do considerado primeiro romance da literatura afro-brasileira, “Úrsula”, no qual apresentava personagens escravizados sem cair nos estereótipos da época. Fundou a primeira escola mista do Maranhão em 1880 e fez inúmeras contribuições à literatura brasileira.

Retrato de Nísia Floresta, publicado em "Mulheres Illustres do Brazil".

Nísia Floresta

(1810-1885)

Nísia Floresta Brasileira Augusta, nascida no Rio Grande do Norte, foi professora e escritora, lutando pela abolição da escravatura e pelos direitos das mulheres. Publicou o considerado primeiro livro feminista do Brasil, “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, em 1832, e fundou uma instituição de ensino para meninas revolucionária para os padrões da época: o Colégio Augusto contava com uma grande variedade de disciplinas, não se limitando ao ensino de costura e trabalhos domésticos.